quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Rosenborg: o pesadelo de José Mourinho




O time que derrubou José Mourinho. Para muitos, o Rosenborg tornou-se conhecido por esse fato. O empate por 1 a 1 com o Chelsea, em pleno Stamford Bridge, no dia 19 de setembro de 2007 pela primeira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões, fez com que o time norueguês aparecesse para o futebol mundial, 42 anos após sua estréia numa competição européia.

Apesar de tamanha surpresa, o Rosenborg foi goleado depois pelos blues, no returno, em casa, por 4 a 0, terminando a fase de grupos na terceira colocação com sete pontos, um a menos que o Schalke 04, da Alemanha. Com isso, a equipe foi para a 3ª fase da Copa da UEFA enfrentar a Fiorentina.

Quando tudo começou

O Rosenborg Ball Klub teve início no dia 19 de março de 1917 no centro da cidade de Trondheim, numa área residencial conhecida por Rosenborg, na Noruega. Alguns garotos resolveram começar seu próprio clube de futebol e “Odd” foi o nome escolhido, em homenagem a um grande clube da época, o Odd Skien. Apenas em 1927 que o nome foi mudado para o atual. Quatro anos mais tarde, em 1931, debutou na primeira divisão da Noruega. E em 1933, a equipe se classificou para a Copa da Noruega.

Mas foi depois da Segunda Guerra que o Rosenborg cresceu. Em 1947 foi inaugurado o estádio da equipe, o “Lerkendal Stadium”. Com um estádio a seu favor, a equipe chegou ao topo na Noruega no ano de 1960 quando venceu o tradicional Odd Skien na final da Copa da Noruega. O segundo título da Copa viria quatro anos mais tarde.

O primeiro título do Campeonato Norueguês chegou em 1967 e na temporada seguinte dois ídolos do clube foram destaques: Nils Arne Eggen foi premiado como o jogador do ano e Odd Iversen foi o artilheiro da liga com 30 gols em 18 jogos. O bicampeonato foi conquistado em 1969 com George Curtis no comando da equipe. Em 1971, Eggen tornou-se o novo técnico do Rosenborg e conquistou o campeonato e a Copa do país.

Momento crítico

Mas, com a saída de Eggen para treinar a seleção norueguesa sub-21, os anos seguintes não foram tão gloriosos. Em 1974, a equipe sofreu sua maior derrota: 9 a 1 diante do escocês Hibernian pela Copa da UEFA. E a má fase se manteve até 1977, mesmo com o surgimento de mais um ídolo, o goleiro Ola By Rise. As coisas iam muito mal e o Rosenborg foi rebaixado para a segunda divisão.

A situação melhorou no ano de 1978, quando Eggen voltou a ser o técnico da equipe, levando-a novamente à elite na temporada seguinte. Nesse período, após uma longa carreira, o artilheiro Odd Iversen se aposentou.

Durante várias temporadas, o Rosenborg permaneceu em posições intermediárias da tabela, mas Sverre Brandhaug se tornou o maior artilheiro da Noruega em 1984. E, no ano seguinte, após um jejum de 14 anos, a equipe ganhou a liga norueguesa na última partida da temporada, em casa, diante do Lillestrom. Cerca de 28.569 espectadores lotaram o Lerkendal. Esse número, ainda hoje, é o recorde de público do estádio.

Eggen chegou a deixar a equipe novamente para treinar o Moss FK onde ganhou a Liga em 1987. Voltou no ano seguinte e marcou o início de uma nova era do Rosenborg. Vários jogadores foram revelados: Jan Ivar “Mini” Jacobsen, Orjan Berg e Kare Ingebrigsten. Em 1988, o Rosenborg faturou tudo na Noruega, ou seja, assim como em 1971, a Copa e a Liga ou o “The Double”, como é chamado. Nessa temporada, vários torcedores receberam os jogadores com uma grande festa no Hotel Britannia, no centro de Trondheim.

Anos dourados

O Rosenborg conquistou o “The Double” novamente em 1990, 1992, 1995 e 1999 e foi campeão da Liga em 1993 e 1994. A primeira vez que a equipe norueguesa disputou a fase de grupos da Liga dos Campeões foi em 1995, quando a imprensa considerou o estádio Lerkendal antiquado. A partir daí, de 1996 a 2002, o título da liga nacional não saiu das mãos da equipe (Trond Sollied foi o técnico no título de 1998) e, em todas essas temporadas, o Rosenborg participou da Liga dos Campeões.

Nesse período de ouro, alcançou a sua maior goleada no Lerkendal: 10 a 0 no Brann, em 1996. Foi nesse ano também que a equipe conseguiu uma grande marca de material esportivo para a confecção dos uniformes: a Adidas.

Para poder dar mais comodidade aos seus torcedores, o estádio da equipe foi modernizado no período de 2000 até o outono europeu de 2002. Nesse mesmo outono, o treinador da equipe, Nils Arne Eggen, se aposentou junto com Bent Skammelsrud, que jogou sua última partida contra o Lyon. Os torcedores quebraram um recorde nesse jogo: durante 30 minutos, mais de 20 mil vibraram com a despedida de mais um ídolo.

Em 2003, o cargo de técnico foi assumido por Age Hareide. Hareide trouxe o 12º título consecutivo da Liga e, também, mais uma Copa da Noruega com a vitória diante do Bodo/Glimt. O novo treinador deixou a equipe no outono de 2003 para se tornar o técnico da seleção da Noruega. A solução do Rosenborg, mais uma vez, foi recorrer aos ídolos: o ex-goleiro Ola By Rise assumiu a equipe. Rise era o jogador com mais jogos pelo clube (346).

A “Tippeligaen”, como é chamada a primeira divisão da Noruega, voltou a ter um pouco de emoção em 2004. O Rosenborg liderava a Liga, mas ganhava do segundo colocado, o Valerenga, apenas por ter feito mais gols. Dessa forma o detentor do título da temporada só seria conhecido após o final das duas partidas. Mas não houve surpresa: o Rosenborg, que decidia em casa, conquistou seu 13º título consecutivo (recorde mundial, empatando apenas com o Skonto da Letônia) e chegou mais uma vez à Liga dos Campeões. Mas após a conquista, Ola By Rise decidiu deixar o cargo de técnico e tornou-se assistente de Per Joar Hansen na temporada seguinte, saindo em breve.

A chegada de Hansen não foi nada boa. O Rosenborg teve dificuldades no início da temporada e, na metade do campeonato, encontrava-se na oitava posição da tabela, 14 pontos atrás do líder. Depois da derrota diante do Lillestrom no dia 7 de agosto, Hansen decidiu sair e Per Mathias Hogmo assumiu no dia seguinte. Hogmo chegou com algumas idéias mirabolantes que não surtiram efeito e o Rosenborg terminou 2005 na sétima colocação.

O começo de 2006 foi pior ainda: os resultados não vinham e, no verão de 2006, a equipe estava 10 pontos atrás do líder Brann. Hogmo, portanto, deu lugar ao seu assistente técnico Knut Torum, que buscou fazer o simples. E deu resultado: o Rosenborg venceu suas sete partidas seguintes e passou o líder Brann, antes deles se encontrarem em Bergen, cidade do rival. A vitória veio e o título, mais uma vez, estava nas mãos da equipe. Em Trondheim, o Rosenborg se tornou campeão ao golear por 4 a 1 o Viking. A nona vitória consecutiva na temporada e o 20º título da Liga.

O Rosenborg é o clube que mais conquistou títulos na Noruega e, em competições européias, além do tão falado empate em Londres contra o Chelsea, já havia aprontado algumas surpresas.

Na temporada 1996/97, após vencer o Milan, a equipe chegou às quartas-de-final da Liga dos Campeões sendo eliminada pela Juventus. Na temporada 1997/98 venceu o Real Madrid por 2 a 0 e goleou o Olympiacos por 5 a 1. Mas as imagens mais recentes não eram das melhores: foi goleado em 2002 por 5 a 0 pelo Lyon e, em 2000, pelo Paris Saint-Germain por 7 a 2. A Copa da UEFA pode ser mais uma oportunidade para as peripécias do Rosenborg.

John Carew: passagem relâmpago

Talvez o jogador do Rosenborg mais conhecido mundialmente e que mais movimentou os cofres do clube, apesar de ter ficado por apenas uma temporada, seja John Carew que, desde a temporada 2006/07, defende o inglês Aston Villa. Carew foi contratado junto ao Valerenga em 1999, por 23 milhões de coroas (moeda norueguesa que seria o equivalente a quase 3 milhões de euros), o maior valor já pago pelo clube, e foi vendido em 2000 por 75 milhões de coroas (cerca de 10 milhões de euros) para o Valencia, também a maior venda já realizada pelo clube.

Atualização

Nesta temporada, o Rosenborg estreia na Liga Norueguesa no dia 20 de março diante do Brann. O time foi eliminado da edição 2010/11 da Liga Europa ao ficar na última colocação do grupo B, com apenas 3 pontos, em chave que contava também com Bayer Leverkusen (ALE), Aris (GRE) e Atlético de Madri (ESP). No ano passado, a equipe foi campeã norueguesa invicta com 68 pontos, sete a mais que o Valerenga.

* Artigo originalmente publicado em 2008 no site da revista Trivela na coluna "Conheça o Clube"

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